quinta-feira, 17 de novembro de 2011

Trabalhadores com deficiência ainda sofrem preconceito, diz estudo.

Pesquisa foi realizada com mais de mil pessoas.
Trabalhadores com deficiência têm menor escolaridade Superior, demoram mais para ser promovidos, exercem funções que não condizem com suas capacidades e estão insatisfeitos com o emprego e a carreira. Estas foram algumas das conclusões de estudo feito pela Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas da USP junto a 628 trabalhadores com deficiência e 566 sem deficiência.
A pesquisa faz parte do projeto de Monitoramento da Inserção da Pessoa com Deficiência no Mercado de Trabalho (Modem), da Secretaria de Estado dos Direitos da Pessoa com Deficiência. A constatação mais preocupante é de que poucos pesquisados estão satisfeitos com o emprego atual (apenas 57,4%, contra 67,6% do grupo sem deficiência) e com a carreira (53,6% contra 65,8%). Um dos principais motivos é que sentem pouca ou nenhuma compatibilidade entre o cargo/função exercidos e sua escolaridade (68,9% contra 42,8% no grupo sem deficiência) e sua experiência e capacidade (62,8% contra 34,6%).
Ao contrário do que se costuma imaginar, o salário não é o principal fator de desencanto dos entrevistados, apesar de 53,2% considerarem que ganham abaixo da média do mercado. A maior queixa é mesmo a falta de valorização e perspectiva de ascensão profissional.
Para Linamara Rizzo Battistella, secretária de Estado dos Direitos da Pessoa com Deficiência, os dados refletem uma séria distorção na aplicação da Lei de Cotas e programas de empregabilidade. “Infelizmente, muitas empresas ainda contratam pensando em fugir de multas. Oferecem apenas vagas em algumas áreas, nos níveis hierárquicos inferiores, e nem sempre condizentes com o perfil do candidato, que não se sente valorizado e passa a ver o trabalho como meio de sobrevivência e não de realização pessoal”.
Promoções são mais raras
Mais de 72% dos trabalhadores com deficiência pesquisados jamais receberam uma promoção (o índice foi de 63,7% no grupo sem deficiência), 75,4% entraram na empresa em cargos operacionais ou administrativos (contra 58,9%) e 67% permanecem na mesma função até hoje, o que ocorreu com somente 55,2% dos trabalhadores sem deficiência.
Além disso, 20,7% dos funcionários com deficiência afirmam que o gestor de sua área de trabalho nunca conversou com ele sobre metas e desempenho, enquanto apenas 4,7% de seus colegas sem deficiência apresentaram a mesma reclamação. “Isto reforça a idéia de exclusão, porque esses trabalhadores não são vistos como pessoas que podem contribuir com a empresa, mas como alguém com quem têm que conviver por uma imposição legal”, critica a secretária.
Perfil

O estudo traçou o perfil desse trabalhador como o de alguém com escolaridade um pouco abaixo de seus colegas sem deficiência, quando se enfoca o ensino Superior: 45,3% contra 60,2% do grupo sem deficiência. Pouco mais de 11,5% fizeram alguma Especialização, contra 29,9%. Já entre os trabalhadores com mestrado e doutorado não houve diferença significativa. Também ficou constatado que 41,5% dos colaboradores com deficiência têm ao menos o ensino Médio.
Predominantemente, este profissional com deficiência atua em atividades administrativas, financeiras, de seguros, comércio, administração pública, seguridade social, informação e comunicação. Dois ramos de atuação em que sua presença ainda é muito reduzida são a indústria de transformação (6,3% contra 30,1% dos colegas sem deficiência) e a educação, com 5,7% contra 11,8%.
Este trabalhador em sua maioria é casado ou separado, tem filhos e geralmente é o único ou principal provedor de renda na residência. Em geral, trabalha menos horas, recebe mais benefícios e mora mais longe do trabalho – 34% deslocam-se mais de 20 km diariamente –, utilizando transporte coletivo como meio de locomoção.

Fonte: http://www.itu.com.br/economia-negocios/noticia/trabalhadores-com-deficiencia-ainda-sofrem-preconceito-diz-estudo-20111117

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